sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Manual de Conduta e Ética do Twitter

O Twitter ficou popular no Brasil. Não tanto quanto Orkut, mas ficou sim. Acho que o grande motivo é ele não ser bloqueado em lugar nenhum. Daí todo mundo pode fazer, ter, ler e atualizar no escritório. Problema é que Twitter não é rede social nem bate-papo. É micloblogging. E metade dos meus contatos não entende isso. Então, com minha boa alma, resolvi organizar o manual de conduta e ética que se segue.

“Quem é você”? Não responda. Twitter te dá poucas linhas para isso, então não seja bobo de colocar “mineiro, 27 anos, super fã de rock”. Coloca uma frase de Clarice Lispector ou um slogan engraçado. Pague de cool. Lembre também que a foto fica bem pequena, então, se não tiver um avatar bonitinho, coloque uma foto abstrata ou um close na sua cara, ok? E o papel de parede é muito importante e deve estar perfeito pois ele será visto o tempo todo por você, mas provavelmente uma vez só pelos outros quando eles começarem a te seguir. Bricolagens de ídolos pop ou fotos em preto e branco, bem cleans, são indicadas.

Na hora de escrever, não use muitas exclamações e evite erros de português. Algumas pessoas usam maiúsculas, outras escrevem tudo com minúsculas. Escolha um estilo e não misture. Pois, afinal, é PROIBIDO escrever TUDO com maiúsculas. No mundo virtual, elas são sinônimo de gritar, então não é elegante. Se for necessário, use em poucas palavras. Ou se realmente estiver “gritando”.

Escreva coisas que você vai fazer ou que está pensando. O que comeu, vai comer, onde vai ser a balada, a nota daquela prova, comente acontecimentos. Uma coisa muito legal é a possibilidade de postar e ser lido muito rapidamente. Então rola de comentar até algo que você está vendo na TV. Você também pode colocar um link para outros sites bacanas ou um novo post do seu blog. Mas ó, sem exageros!

Como eu disse, Twitter é microblogging, não bate-papo. Ocasionalmente, você responde à alguém, parabeniza algo, comenta um link. Mas, em geral, o Twitter é um canal de monólogos. Respeite isso. Não tem nada mais chato do que entrar e ver que duas ou três pessoas passaram os últimos 20 minutos conversando coisas que não te dizem respeito e ocupando toda a sua página principal.

Também não dê RT demais. Além de dar a impressão que você está a toa e que não tem nada a dizer, você acaba pentelhando gente que não tem nada a ver com o assunto. E o resto da humanidade implora para você desmarcar todas as sincronias com o seu Twitter. Eu não quero um twitt seu cada vez que você favoritar um vídeo, subir uma foto, postar no seu blog, adicionar uma pessoa e blá blá blá. Escolha um desses só, no máximo.

Tente não ultrapassar 15 updates diários e dê um espaço entre eles. Dependendo do que tiver a dizer, rola. Mas, do contrário, pega até mal. Ninguém merece chegar e ver cinqüenta atualizações seguidas da mesma pessoa. Vão pensar que você não tem mais o que fazer. E gente descolada é mega ocupada. Dá licença, aliás.

Para ouvir depois de ler: Daft Punk - Tecnologic

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Nova Alguma Coisa

Não é segredo que Gilmore Girls está entre as minhas séries favoritas, cheia de boas piadas sobre a sociedade. Lembrei hoje de um episódio que se passa em um chá de bebê. As personagens principais, Lorelai e Rory, ficam surpresas ao perceberem que estão cercadas de objetos, roupas e presentes da cor verde. Afinal, o bebê é uma menina. Uma delas então comenta: “achei que rosa era cor de menina”.

- Ah, não. Rosa não. Você não leu a Vogue desse mês? Verde é o novo rosa.

Ok, pára tudo. Por que diabos as revistas femininas insistem tanto em nos ensinar que "o novo aquilo" é "aquilo outro"?

As blogueiras Juliana Sampaio e Laura Guimarães reuniram exemplos (reais) desse novo tipo de abordagem: “O novo champanhe rosé é o coquetel”, “O novo florido é o manchado”, e o pior de todos, “A nova fulana de tal é a beltrana”. Maldade isso, não? E a fulana de tal faz o quê? Se mata?

Claro que não. Basta esperar até a abordagem jornalística do próximo mês. Se fulana não tiver uma volta triunfal, poderá ser a “nova” alguma outra pessoa. Mas não vamos colocar toda a culpa nas revistas femininas pois a modinha está em todo lugar, já assimilada na cabeça de muitos. Nunca reparou? O novo “meu filho é um capeta” é o “meu filho tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)”, por exemplo.

Mas acho que nada disso me atinge (quiçá os leitores deste blog). Na minha vida está mais que comprovado que “viver como eu quero” é o novo “seguir as tendências”.

Para ouvir depois de ler: Incomplete - Alanis Morissette

domingo, 2 de novembro de 2008

Agora que já passou a eleição...

Foram dias de muita campanha, houve muita falação e brigas. A última eleição para a prefeitura aqui de Belo Horizonte apresentou dois candidatos despreparados, ambos com o rabo preso em algo e trocando ofensas entre si. As pessoas ao meu redor diziam que ia votar em um porque o outro não prestava – e vice-versa. Nenhum deles tinha propostas de governo interessantes sob nenhum ponto de vista.

Conversas sobre qual deles era o melhor ganhavam proporções grandes e viravam discussões pra lá de pessoais, como se a vida da pessoa fosse depender daquilo.

Tem gente que diz que, se 50% dos votos forem anulados, as eleições são canceladas e outras, com outros candidatos, precisam ser marcadas. Tem gente que diz que isso é balela e que, se todo mundo anular e apenas uma pessoa votar, seu candidato vence. Mas o fato é que tanto faz. Anulei meu voto e não foi por nenhum desses motivos.

Ao contrário do que pode parecer para alguns quando digo que anulei meu voto, acho política uma coisa séria. Séria até demais. Tirei meu título de eleitor com 16 anos e sempre fiz campanha para o meu candidato. O negócio é que, em 2008, eu não tinha um. E votar no menos pior não é o suficiente. Quando o assunto é política, prefiro ficar parado do que dar um passo no caminho errado.

Eleições obrigatórias viram uma piada por aqui. Indecisos votam no que está mais bem colocado nas pesquisas e acha que votar no que vai perder também é perder – como se fosse um jogo.

Não fiz questão de divulgar isso por aí, de estimular que outros anulassem seus votos, nem nada disso. Só senti vontade de dizer que anular o voto não é necessariamente sinônimo de alienação política. Aliás, muitas vezes, pode ser o oposto disso.

Para ouvir depois de ler: American Life - Madonna